segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Algumas dicas extras sobre PBP

Algumas duvidas dos participantes

Perigo de roubo/furto durante o PBP
Já vi ciclista levando cadeado no PBP, mas acho que será muita “sorte” tem algo furtado durante o PBP. Bem, eu tive, mas deixei a roda ao lado do carro na calçada.
No ginásio local de largada e chegada, o participante precisa apresentar a ficha de inscrição com etiqueta numerada, para sair ou entrar com bike.
Nos PCs, vai ter centenas de bikes estacionadas e não irão furtar justo a tua. Não sei de nenhum caso durante o PBP 2007.
Também não fiquei sabendo de roubo de faróis ou itens de acessório, eu deixei sempre na bike, mesmo enquanto dormia e não sumiu nada.

Não deixa a bicicleta solta, cuida até mesmo chaveada, em Paris e periferia!

Comida fora dos PCs para ganhar tempo!
O PBP é realizado em estradinhas secundárias na região da campanha/ florestas, ou seja, as estradas do interior que aqui são em grande parte estradas não asfaltadas. Não existem postos de combustível com lojas de conveniência e nem grandes restaurantes no caminho do PBP. Fora dos PCs as opções de comida são mais raras.
Em uma ou outra vila eles montam lancheria em barracas de lona, algumas vezes vai encontrar mercadinho atendendo ciclistas na madrugada, tem gente oferecendo água, café e biscoitos na estrada em alguns locais, mas não dá para deixar de comer nos PCs para querer se alimentar apenas na estrada! Quem fizer isto vai comer pouco.
Vale a pena perder um pouquinho mais de tempo e comer nos PCs.
Tem fila nos PCs, mas não é tão exagerado o tempo perdido, é só não mosquear demais.

Nos Pcs tem:
Água potável de boa qualidade;
Lancheria com café, Coca-Cola, água, baguete, etc
Restaurante que serve o prato do dia: bandeijão onde vai pedindo o que quer e eles servem o teu prato: Arroz, sopa, massa, molho, carne, queijo, vinho, coca-cola, água, cerveja, chá e outros. Depois de servido vai com a bandeja no caixa que eles calculam o valor- para mim dava sempre em torno de 10 euros- preço acessível para os padrões europeus.

Quanto de dinheiro levar!
Em 2007 eu levei 200 euros em dinheiro, sobraram uns trocadinhos, gastei em:
- comida e bebida
- um aro traseiro completo (58,00)
- três câmaras de ar 700,
-uma centragem de aro mal feita de cinco euros;
-Alguns cartões postais e dois jornais.

Nos restaurantes do PBP- são comunitários e não vi ninguém pagando com cartão;
É aconselhável levar cartão de credito para o caso de emergência e até em caso de desistência para comprar o bilhete de trem para o retorno a Paris.

Passaporte levar junto!

Resposta difícil, a questão não é levar, é onde deixar!
O que li em livros e revistas com dicas de viagem e também já fiz algumas vezes é:
- deixar o passaporte o hotel;
- levar a carteira de identidade, brasileira mesmo, junto colocar um cartão (de visita) do hotel. Se precisar, diz que esta hospedado no hotel e que o teu passaporte esta lá!
- O caso de quem não vai estar em hotel é mais complicado, daí depende de cada situação.
Se levar o passaporte durante o PBP use um saco estanque
Saco estanque pequeno
Ou então
Porta documentos

Na vistoria você recebe um saquinho para colocar o “Passaporte” do PBP

Vento
É mais forte perto de Brest e geralmente é em direção mar- terra, ou seja, contra para ir e a favor no retorno. O retorno é importante no PBP porque alem do vento tem a ânimo de estar mais perto do final. Clima é clima e é importante ver a previsão alguns dias antes até para saber o que vestir.
Comparando o clima de verão da França com o do Brasil. Para quem vai participar do PBP é claro. Para quem é do sul: não vai encontrar frio e nem tanto calor. Para quem é do Sudeste ou Centro, não vai encontrar tanto calor.

Orientação e uso do GPS
Mesmo contrário ao que os aficcionados por tecnologia podem considerar, no PBP o GPS não é necessário. Mais necessário considero levar a planilha impressa para que, se não encontrar alguma placa no percurso final, olhar qual é a próxima localidade, procurar a placa indicativa da estrada e seguir. Necessário é saber perguntar. Cada um deve saber a sua capacidade de orientar-se, teve ciclista perdido em Roca Sales (cidade com duas ruas apenas) durante o brevet de 200 km de Lajeado.
Em minha opinião, um brevet não é apenas pedalar certa distancia, mas a oportunidade de viver aquele desafio, aquele momento e acima de tudo de aprender algo.
A medalha por si só vale muito pouco, o que vale é o esforço para conquista-la.

Medo de tombo
O maior perigo é o sono, teu e dos outros, mas se você juntar o sono dos outros e a tua vontade de querer andar no vácuo o tempo todo, o perigo de cair é maior. Basta observar e vai perceber que o ciclista da frente, ou do teu lado, esta andando mal e não consegue manter a linha reta.

Vácuo Psicológico
Usa o vácuo psicológico e não o físico!
Vácuo psicológico de estar pedalando em um grupo motivado em média sustentável, mesmo que esteja a um metro do ciclista da frente. Este tipo de vácuo pode ser mais útil do que o físico de cortar o vento apenas. Se você fala francês converse um pouco com algum, enquanto pedala, ele vai te dar dicas de andamento, da estrada...
Fuja de ciclista chorão, principalmente se ele fala a tua língua, o desânimo é mais contagioso que o vírus da gripe H1N1 e os sintomas são imediatos.
É melhor ser o mais fraco entre os fortes, do que o mais forte entre os fracos, principalmente psicologicamente.

Economia errada durante PBP.
-Economizar creme hidratante e na quantidade de comida;
Economize tempo mal aproveitado, aproveite bem o tempo parado para fazer o que realmente precisa que é comer, dormir, consertos bike...

Uso de fones de ouvido e celular durante o Paris Brest Paris.

Na minha sincera opinião, são dois itens supérfluos, mas tem ciclista que não desgruda destes aparelhos, acaba deixando de escutar outras coisas. Alguns ficaram insatisfeitos com a proibição do uso destes aparelhos durante o PBP.
O que não se observou é que é proibido usar fones de ouvido e não é obrigatório o uso do capacete! Porque isto?
O Paris Brest Paris segue os mesmos princípios do regulamento dos Brevets Randonneurs Mundiais
Ler o regulamento!

Artigo 5- Cada participante é considerado como estando em uma excursão individual, ele deve respeitar o código de transito e todas as sinalizações oficiais.

O código de transito da França não obriga a utilização do capacete por parte do ciclista. O Código Brasileiro também não trás esta obrigação, mas o capacete é exigido nos brevets por exigência do regulamento de cada clube/organização.
O código da França proíbe o uso de celular e fone de ouvidos enquanto o motorista esta no volante. O Código Brasileiro também trás esta proibição. Qual é a novidade? O ciclista pedalando na França é considerado como veiculo no transito, porque poderia usar fones de ouvidos?
No brevet de 600 km de 2011, inclui no regulamento, a proibição do uso de fones de ouvidos. Considero que o uso dos fones aumenta do risco do ciclista ser atropelado por um veículo, principalmente nas estradas onde o brevet foi realizado. Na época nenhum participante reclamou desta proibição, alguns até elogiaram a atitude.
Porque alguns futuros participantes reclamam desta regra?
1- Porque aqui não existe uma definição clara sobre esta proibição para ciclistas;
2- Porque não estão acostumados a respeitar as leis, às vezes nem as do bom senso.
Se o código aqui não é respeitado por muitos, isto não justifica fazer o mesmo.
O participante do PBP poderá ser abordado não apenas por um voluntário da organização e receber advertência ou punição, mas também por um policial da “policia rodoviária” de lá.

O que me faz pensar é:
- se alguém precisa tanto de um fator externo/extra para pedalar para se manter motivado, será que não falta gostar mais do pedalar de maneira que isto o satisfaça mais plenamente?
- será que não existem detalhes mais importantes para o randonneur se preocupar alguns dias antes do PBP 2011?

O Paris Brest Paris terá mais de 6000 participantes e serão raros os momentos em que não haverá alguém para conversar, ou apenas para escutar e tentar entender.
O PBP é na França, para quem é brasileiro, e vive aqui, o percurso sempre será novidade, mesmo no retorno em algum local que você foi de dia, poderá voltar durante a noite, não vai faltar o que ver, mesmo no trecho mais monótono do percurso

Aproveite o PBP como ele é e não como você imagina que seja.
Em 2007 não levei câmara fotográfica durante o Paris Brest Paris, quis reduzir o peso e a possibilidade de paradas e perdas de tempo. Durante o PBP enquanto pedalava olhei para o lado, avistei um castelo atrás de um lago, era lindo, nunca tinha visto um. Naquele momento me arrependi não ter a minha fotográfica. Passei uma ponte de pedra e cheguei a uma vila medieval linda, olhei para o lado e vi uma loja de Souvenirs. Parei e fui comprar alguns cartões postais, conversei com uma senhora idosa e com o dono da loja. Disse que levaria os cartões para a minha esposa ver o local lindo onde eu havia pedalado, ele me deu mais uma ½ dúzia de postais de presente. Sai super feliz por não ter levado a minha digital, teria as fotos, mas não teria a lembrança da conversa e nem os postais.

Pedalei os primeiros 360 km junto com o Jorge Martins e a Sylvie. O Jorge conversa muito e adora ajudar os demais sempre dando dicas. Eu poderia andar mais rápido, mas assim não me desgastei demasiadamente no inicio e aprendi bastante. O Jorge encontrou uma dinamarquesa com que fomos conversando durante algum tempo, mas depois nos desencontramos. Quando voltava de Brest á noite, pedalando sozinho, alcancei duas mulheres que nem tinha ideia de quem seriam, até que reconheci a vós da dinamarquesa e fomos conversando como velhos conhecidos (do dia anterior), até eu deixa-las para trás em alguma subida. Possivelmente se eu estivesse com fones de ouvido, me isolando do mundo exterior, escutando musicas que eu já havia escutado, não teria conversado com a Dinamarquesa. Mais tarde novamente nos encontramos por acaso em um PC e também logo após a chegada.

Palavras de Gustave de Beaumont sobre Alexis de Tocqueville:
“Na viagem de Alexis de Tocqueville, o que há de mais interessante é menos a viagem em si mesma do que a maneira de viajar. Ela era particular. Não poderíamos imaginar a atividade de espírito e de corpo que, como uma febre ardente, devorava-o sem trégua.”
“esses diversos modos de viajar são igualmente honestos e legítimos, e, não é para criticar aqueles que tomam as viagens como um exercício de corpo ou um agradável passatempo, mas apenas para mostrar que Alexis entendi-as de outra forma. Para estudar suas instituições e penetrar, por assim dizer, a alma de seu povo..”
“Nunca, de resto, em qualquer circunstâncias de sua vida, Alexis de Tocqueville deixou-se levar mais pela corrente de suas impressões do que pelo encanto irresistível dessas grandes solidões da América, onde tudo se reúne para inebriar os sentidos e adormece os pensamento”


Boa sorte aos brasileiros em 2011.

Um comentário:

silas batista disse...

obrigado Faccin pelas importantes informações.
grande abraço
Silas, São Paulo